quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

História e Arqueologia.

Em obra da década de 70, discutindo livros da década de 60 do século XX, Moses Finley consegue chamar a atenção para alguns limites do que a Arqueologia pode fazer - limites que hoje me parecem estar sendo esquecidos.

É certo que hoje temos mais técnicas, métodos, tecnologia mais avançada, e certamente alguns dos problemas que Finley levanta foram parcialmente superados.

Mas as questões de método e formulação dos problemas valem como avisos quando buscamos respostas apenas nos objetos - a refutação das vênus esteatopígeas como símbolos de um culto à fertilidade é um bom exemplo para iniciar a discussão.

A seguir, alguns trechos de Finley - Uso e Abuso da História , Cap. 5 História e Arqueologia

"Por exemplo, sabemos que através da preservação casual de relatos inscritos na pedra, que o mais delicado entalhe feito em pedra no templo de Atenas, conhecido como Erectêion, foi criado no fim do século V a.C. por homens e escravos trabalhando lado a lado. Nada no material que chegou até nós (o próprio entalhe) poderia nos ter dito isso. Por outro lado, os relatos de que dispomos sobre o templo de Apolo em Epidauro, construído cerca de 30 ou 40 anos depois, são de uma natureza tal que a força de trabalho não está especificada. Como imagina Binford poder descobrir se foram ou não empregados escravos, de alto grau de habilidade, nesse templo ?"

R. I. Binford é um arqueólogo que Finley inclui entre os 'reformadores' que se propunham a superar o momento de crise da Arqueologia na década de 60, mas que não eram tão pessimistas quanto Stuart-Piggot acerca das interpretações possíveis sobre artefatos da cultura material da pré-História (ou aquilo que se convencionou chamar de pré-História até estes debates, os períodos para os quais não havia relatos escritos).

Piggot declara que elementos da cultura material são altamente sujeitos a interpretações dúbias - tese que Finley segue. As posturas de Piggot a esse respeito estão resumidas na introdução de sua obra Ancient Europe (1965).



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