terça-feira, 24 de julho de 2012

HISTORIADORES GREGOS DO OESTE, L. PEARSONS - PRECURSORES DE TIMEU


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·         P. 10
·         HÍPIAS (HIPPYS) DE RÉGIO (RHEGIUM)
·         Supostamente o mais antigo historiador da Sicília. Boa chance de não ter existido e criado no período helenístico para compor uma ‘tradição’ anterior.
·         A Suda informa que Hípias foi o 1º. a escrever História da Sicília, e começou no tempo das Guerras Pérsicas.
·         Obras:
- Kteseis of Italy, Sicelica – 5 livros.
- Crônicas – 5 livros
- Argolica – 3 livros.
·         Sua obra teria sido epitomizada por um certo Myes.
·         Cadmo de Mileto teria sido epitomizado/inventado por Bíon de Proconeso ou alguém se dizendo ele, que disse ser Cadmo o 1º a escrever História da Iônia, embora a tradição atribua a primazia a Hecateu/Hecataeus.
·         Se Hípias foi o 1º a escrever história do oeste grego, surpreende não ser citado em Dionísio, Diodoro, Estrabão ou Pausânias. Só Estéfano de Bizâncio o menciona.
·         Os que mais crêem na existência de Hípias seriam eruditos italianos, entre os quais De Sanctis e Momigliano.
·         Pp 8-9
·         Fragmentos atribuídos a Hípias contrariam opiniões e versões geralmente reconhecidas :
- Teria descoberto um pitagórico Petron (cf. Plutarco), que dizia haverem 83 universos, embora ninguém antes dos atomistas tenha aventado a hipótese de haver mais de um universo.
- Chama os Argólidas de povo “pré-lunar”, dando-lhes mais antiguidade que os Frígios (contrariando Heródoto).
- Teria contado a história de Jasão ter trazido Medea para Corinto, sugerindo-o ser a fonte da Medea de Eurípides.
- Teria dito que um certo rei argivo Pollis na Sicília deu nome a um vinho.
- E que havia um lugar de mistérios que matava quem lá dormisse, armadilha construída pelo rei Epainetos durante a 36ª olimpíada quando o Esparatano Aritamas venceu o Stadium.
- Nas duas últimas nenhuma referência há sobre esses reis ou sobre o olímpico. O autor da epítome escreveu por volta de 280 a.C. o mais tardar e não muito antes pois historiadores não usavam a datação olímpica antes.
·         P.10
·         Pearsons conclui que alguns preferem crer na existência de Hípias e não em sua invenção pelo ‘epitomizador’.  Mas para Pearsons, a 1ª alternativa é a mais difícil de arguir.
·         P. 11
·         ANTÍOCO DE SIRACUSA
·         ‘More solid ground’ . Dionísio, Diodoro, Estrabão e Pausânias o citam.
·         Possível mesma idade de Heródoto, não mais antigo que Tucídides. Teria encerrado sua obra em 424/23 .
·         Escreveu em dialeto Iônico, nem ático nem dórico de Siracusa, talvez querendo ser considerado o Heródoto do Oeste. Diodoro nos conta que sua obra foi dividida em 9 partes por alguém que a organizou em Alexandria.
·         Pearsons segue Jacoby ao dizer que Antíoco não teria feito duas obras sobre a Itália e sobre a Sicília, mas uma só
·         Itália para Antíoco é uma área restrita, não compreende sequer a Magna Grécia.
·         Ele começa sua narrativa com peri italihs. Embora Estrabão ache que é o título descrevendo a obra, na verdade é sobre os italoi, as pop. não-gregas (Oinocroi os primeiros) em suas migrações no continente e então para a Sicília, antes da chegada dos Sícelos.
·         P.12
·         Dionísios apresenta o que escritores anteriores disseram sobre a colonização da Sicília e as origens dos nomes dos povos: Antíoco chama os povos primitivos da Itália pelo nome grego de Oinoicroi mas eles nomeavam-se segundo um rei chamado Ítalo e que após sua morte, seu sucessor Morges reinou até a chegada de um certo Sícelo, que querendo criar um reino para si, dividiu o povo e levou-o para a Sicília.
·         12-13
·         Helânico, contemporâneo de Antíoco trouxe Enéas para a Itália e colocou-o junto com Odisseus como co-fundadores de Roma. O início do sec. V é muito cedo para os romanos tentarem estabelecer origens troianas, mas os gregos procuravam helenizar o local onde surgiu Roma, para colocar toda a Itália como extensão da Grécia.
·         Tudo acima seria tradição, mas Dionísio ‘com sua credulidade típica’ teria tentado estabelecer a tradição como os fatos.
·         Nota 39 – B. Brea diz que a tradição é certamente falsa pois não se encontrou em escavações na Sicília traço algum de culturas apeninas ou sub-apeninas.
·         O problema da coleta de informação por Antíoco é que ele tentou fazer os mesmos inquéritos de Heródoto entre povos não-gregos, mas ao contrário daquele no Egito ou Babilônia, o sucesso das possíveis tentativas de Antíoco entre Sícelos e Itálicos foi limitado pois estes povos não praticavam a escrita no início do século V a.C. e a aprenderam de Gregos e Etruscos.
·         Pearsons: A tradição oral pode ser preservada sem o auxílio da escrita, mas para que isso ocorra, é necessário um vigoroso desenvolvimento político com a presença de centros políticos regionais. E apesar do forte desenvolvimento cultural na Itália do séc V a.C. não há sinal de um desenvolvimento político equivalente. Não se pode esperar relatos mais numerosos ou prolíficos do que os das comunidades não-gregas.
·         Nota 40: C.F.Crispo Contributo alla storia della più antica civiltà della Magna Grecia crê em tradições orais e escritores locais dos quais Antíoco teria derivado seus relatos. E arqueólogos como Bracesi La Sicilia Antica pensam que algumas tradições locais foram adaptadas pelos colonizadores gregos para seus próprios mitos fundadores. Contra esta idéia: L. Pareti, Kokalos 2 (1956: 5-19)
·         pp. 13-14
·         Políbio critica Timeu por não ter inquirido as populações ítalo-sicilianas não-gregas à moda de Heródoto, mas ele devia estar consciente da dificuldade em fazê-lo, assim como Timeu, e do pouco retorno dessa abordagem.
·         Antíoco queria estabelecer a história do sul da Itália pré-grega, como a história de um reino ‘italiano’ de pessoas que ele denominava oinoitroi . Demarcou as fronteiras deste reino: excluiu o calcanhar e o artelho da bota italiana ao sul e os Opici ou Ausones ao norte (Oscos, Samnitas ou Campanianos como os romanos os chamavam)
·         Ao escrever sobre a Sicília, não está claro como ele estabeleceu a distinção entre Sicanos e Sícelos. É suposto que os gregos da Sicília a fizessem, mas por que Antíoco escolheu dizer que os Sícelos vieram da Itália?  Antíoco não pode reclamar mais conhecimento sobre a origem dos Sícelos do que nós sobre a dos Etruscos. Como ele, somos dependentes de logoi e tecmuria.
·         Quando Dionísio fala sobre os Sicanos, ele pode ter dado o que pensava ser o senso comum, e não se pode ter certeza sobre quanto do que ele diz foi tirado de Antíoco. Este diz que os Sicanos eram um povo Ibérico que se fixou na Sicília não muito antes da invasão Sícela, fugindo dos Ligúrios. Diz ainda que não eram muito numerosos e que muitas partes da ilha permaneceram desabitadas, mas mesmo assim ela foi chamada de Sicânia após sua chegada. Antes seu nome era Trinacria. Uma explicação da Trinacria Homérica. A troca de nomes segue o padrão de Antíoco: Oinoitroi, Italoi, Morgetes.
·         pp. 14-15
·         Não há fragmento de Dionísio que preserve o que Antíoco tinha a dizer sobre o período entre a invasão Sícela e a chegada dos primeiros gregos. Nem há qualquer fragmento sobre a data da fundação de Siracusa.
·         Tucídides certamente conhecia o trabalho de Antíoco e nenhum dos dois dá uma data para a chegada dos Sícelos, apenas nos dizem que fugiam dos Opici. Dionísio afirma que Tucídides dá uma data, mas talvez só o tenha feito para mostrar a divergência com Helânico, que situou a travessia dos Sícelos na 3ª geração após a guerra de Tróia – um período muito anterior ao escolhido por Dionísio.
·         Tucídides data a fundação de todas as outras colônias gregas a partir de Siracusa, que é o que se espera de um historiador siciliano. Provavelmente, ainda que tenha feito pesquisas locais, suas informações vêm de Antíoco.
·         Combinando o que Heródoto (7.156-7) diz sobre a destruição de Mégara Hibléia com o que Tucídides relata (6.4.2), chega-se a data de 733 para a fundação de Siracusa.
·         Estrabão – citando – Antíoco – diz que Árquias (fundador Coríntio de Siracusa) partiu junto com Myscelos (fundador de Crotona) e na viagem de volta Árquias desembarcou no local da futura Crotona e ajudou Myscelos a fundar uma colônia lá.
·         Dionísio diz que a Crotona foi fundada em 710/09 a.C. e o armênio Eusébio diz que foi apenas 2 anos depois.
·         Pearsons suspeita que Antíoco, siracusano adiantou a data da fundação de Siracusa por motivos patrióticos, não dando uma data tão tardia quanto após 710 e por isso forçou a aproximação com a data de Siracusa.
·         Pp.15-16
·         Estrabão também diz que Locri foi fundada não muito após a fundação de Crotona e Siracusa, e diz que houve a co-operação de Siracusa na fundação de Locri. Pearson vê aí a mão de Antíoco.
·         É importante lembrar que o século VIII coincide com a descoberta da escrita pelos gregos. Nenhum registro anterior é feito, exceto a Guerra de Tróia. É o primeiro século ‘letrado’ e também de quando são datadas as 1as Olimpíadas, as primeiras colônias e até mesmo a Fundação de Roma. As datas no século VIII são as mais antigas que se pode esperar de registros escritos.
·         Como dito antes, a explicação mais simples para as datas de Tucídides é que ele copiou tudo de Antíoco. Mas as explicações mais simples nem sempre são as verdadeiras. Jacoby pensa que Tucídides copiou tudo de Helânico, cujos interesses por Cronologia são bem conhecidos. Antíoco não teria se preocupado muito em datar os eventos.
·         P.17
·         Estrabão cita Antíoco para uma versão da fundação de Régium. E fala indiretamente de Zancle, o que pode ser uma prova de que Tucídides leu em Antíoco seu relato sobre a fundação de Zancle.
·         Antíoco teria aceitado a versão dos fundadores de Tarento como Partheniai Espartanos.
·         Metaponto: Estrabão cita a versão – provável – de Timeu (que trouxe quantos personagens da Idade Heróica ele pôde para a Itália ) e diz que foram homens da Pilos de Nestor em seu retorno de Tróia que fundaram a cidade. Então Estrabão cita o relato de Antíoco dizendo que foram Aqueus mandados por Aqueus de Síbaris a fundar a cidade que havia sido abandonada. Lembra como Calcídios fundaram Regium mandados por Calcídios de Zancle.
·         Os Aqueus estavam descontentes com os Espartanos por forçarem Aqueus a deixarem o Peloponeso e após vê-los chegarem ao local de Tarento se apressaram a fundar Metaponto temendo que pudessem tomar o local.
·         P. 18
·         Outras histórias de Antíoco mostram como vários povos abandonaram seus locais originais de fundação de cidades: Crotonienses abandonaram o 1º local no Cabo Zefírion, os Cnídios abandonaram o Cabo Pachynos nas Ilhas Líparas, expulsos por Elimeus e Fenícios e os Foceus que colonizaram Vélia primeiro tentaram a Córsega.
·         Também Antíoco mostra como as colônias de iniciativa conjunta de vários povos foram o modelo para a fundação de Síris no sec. V a.C. por Tarentinos e Túrios – que seriam colonos Atenienses – com um exilado Espartano à frente da fundação. Embora a colônia fosse considerada um empreendimento Tarantino e mais tarde mudasse seu nome para Heracléa.
·         Os relatos de Antíoco entre o tempo das fundações no século VIII até o século V desapareceram completamente. Exceto por lexicógrafos, Pausânias, Dionísio e Estrabão são os únicos que citam suas histórias diretamente. Os dois primeiros parecem ter tido acesso ao seu texto, mas Estrabão provavelmente citava o que leu em Timeu, conhecido por ser crítico de autores anteriores. Uma geração anterior de estudiosos concluiu que Estrabão dependia principalmente de Políbio e da Geographoûmena de Artemidoros para seus relatos sobre a Itália e que Artemidoro que o supriu com as citações de Timeu, as quais podem conter alusões e críticas a Antíoco.
·         Estrabão não parece ter grande familiaridade com a literatura grega e é mais fácil pensar que ele tomou conhecimento da obra de Antíoco desta forma do que teve acesso aos originais de um historiador grego precursor e pouco conhecido.­


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